Por Nicholas M. Merlone supervisionando o ChatGPT.
O Direito de Família é, talvez, a área mais sensível do ordenamento jurídico. Lida com os vínculos mais profundos da existência humana — amor, filiação, cuidado, abandono, traição — e exige muito mais do que a simples aplicação fria da lei. Exige empatia, escuta e compreensão do sofrimento humano. Afinal, por trás de cada ação judicial de divórcio, guarda, pensão ou herança, há histórias emocionais complexas, muitas vezes mal resolvidas.
A psicanálise — sobretudo nas obras de Freud e Jung — nos mostra que a família é o primeiro palco onde os dramas inconscientes se manifestam. Para Freud, o núcleo familiar é o terreno do desejo, do conflito edípico, da repressão. Jung amplia essa perspectiva ao trazer os arquétipos e o inconsciente coletivo: mãe, pai, filho, sombra — todos representações simbólicas que atravessam gerações. Quando um casamento termina, por exemplo, não se rompe apenas um contrato civil; rompe-se um ideal de completude, de pertencimento. E isso dói.
É nesse ponto que o Direito de Família precisa dialogar com a psicologia. Um juiz pode determinar a guarda compartilhada, mas sem mediação adequada e entendimento emocional entre os pais, o filho se torna moeda de troca e lugar de projeção de mágoas. A alienação parental, infelizmente comum, é muitas vezes a expressão inconsciente de vinganças e dores mal elaboradas.
Além disso, a ideia de família vem se transformando: famílias homoafetivas, recompostas, monoparentais. O afeto — e não apenas o vínculo biológico ou formal — passou a ser reconhecido como elemento estruturante das relações familiares. Esse avanço jurídico caminha lado a lado com a visão psicológica de que o ambiente emocional é mais determinante que a forma tradicional da família.
Portanto, Direito e Psicologia não são opostos. São complementares. Precisamos de operadores do Direito que compreendam dinâmicas psíquicas e de profissionais da Psicologia que respeitem os limites jurídicos. Só assim poderemos construir soluções mais humanas, menos litigiosas, mais voltadas à escuta, à reparação e à preservação da dignidade de todos os envolvidos.
Família é onde tudo começa. Que também seja onde o cuidado e a justiça caminhem juntos.
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